Eu sou!(uma limitação e um aborrecimento)

(Esta crônica é resultado de um trabalho da faculdade)


No mundo existem pessoas que se confundem às vezes com as coisas as quais se afinisam. Talvez, o não muito feliz, desse tipo de pessoa é aquele profissional que confunde sua profissão com a própria vida. Não que isso seja ruim, pois um médico não deve deixar uma pessoa morrer em um restaurante engasgado porque está almoçando com a família. Mas o problema é que algumas vezes essas pessoas não têm muita noção e não sabem separar certos contextos nas suas vidas. Como no caso de um historiador jovem, que no auge de sua carreira sai para viajar com a namorada para a famosa cidade histórica, Ouro Preto.
Chega à cidade com sua namorada que é apaixonadíssima com ele o adimira muito, pelo seu grande intelecto, mas ele durante a estadia na cidade, já parecia nem ligar para ela, estava apaixonado pela cidade e pela história. Para ela o passeio parecia mais um trabalho de campo da escola.

Por fim por mais que aquela aula de história continuasse por onde passava, ela conseguiu fazer com que o fanático historiador fosse com ela escolher algumas lembrancinhas do lugar. E foi ai que aconteceu o ponto critico de exagero do nosso amigo. Ele insistia na hora de escolher os presntes em dizer: "Um homem como eu não pode se contetar com chaveiros e camisetas". Ele queria algo que fosse como um pedaço ou um próprio do altar da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar. Parecia um louco com as suas exigências. Sua namorada morria de vergonha por onde passassem, até que de repente ela repara em algo comum entre todos os habitantes. Uma sandália bela e confortável, que a salvou de todo aquele constrangimento, e atendeu a todas as necessidades do historiador exigente.

Produtos e Prêmios

Em prateleiras gigantescas possuem milhões de pessoas. Com seus rótulos vistosos, para buscarem agradar o público. É um raro supermercado que não se paga, mas se escolhe especificamente o que se quer, sem saber o que há por dentro das lindas embalagens. E você quando olha começa a perceber que também compõe a prateleira e constrói a sua embalagem gradualmente, de acordo com o público a ser atingido.

Do outro lado da rua onde fica este supermercado há um beco sujo e escuro, onde se localiza um bingo, de má fama pelos prêmios que se ganha nunca se sabe o que irá se ganhar. Às vezes pode sair um premio que parece bom, mas pode ser uma tremenda surpresa quando se abre a embalagem, ou ainda, o premio pode lhe querer de mais, mas sem ser recíproco por parte do ganhador.

Mas enfim um homem solitário não tem nada a perder e procura encontrar sua felicidade na imensa prateleira ou através do jogo de azar. Constrói seu mundo de consumo de pessoas e espera que entreguem em casa, pois tudo gira em torno dele, é um sujeito superficial, com conhecimentos superficiais, amigos superficiais e relacionamentos superficiais, mas por ironia ganha o título de homem conectado.

Você em um Lapso

De repente um pensamento
De repente
é você
previsível
De repente

De estar sempre presente
De repente em meu pensamento

O grande, os pequenos, o médio, o grande, e o pequeno.

A loja de mamãe era famosa no bairro. Vendia muitas coisas legais, algumas extremamente caras. Mas era uma dessas lojas que possuem de tudo.
Um dia alguns garotos negrinhos, de roupas maltrapilhas, que pareciam não tomar banho a dias entraram na loja. Eram muito mais novos que eu, que acabava de fazer 13 anos, e eles deveriam ter entre 7 e 8 anos. Entraram encantados com todas as coisas que ali havia. Mamãe logo que os avistou me mandou vigia-los. Seu pedido, no entanto não foi em vão, pois em questão de segundos os garotos saíram da loja correndo. Minha mãe sem pensar me mandou correr atrás dos garotinhos.
Corri e quando os avistei os garotos riam de mim e me chamavam de "playboy" e "filhinho da mamãe". Acreditam? Aqueles pirralhos que mal haviam saído das fraudas estavam me zuando!?
Eles não perdiam por esperar!
Previ o caminho que fariam através da direção que iam e pelo modo que estavam vestidos. Não era a primeira vez que os via no bairro. Astutamente cortei o caminho que faziam, encontrando-os do outro lado de um quarteirão.
Segurando um deles pelas duas pernas o outro falou:
_O negão pegô!
_O negão? E onde ele ta?
Foram me mostrar. Coloquei o menorzinho no lombo, pra que não fugisse, e ele foi me guiando.
Quando vi o negão me assustei. Parecia um gigante. Mas não me intimidei, o abortei e fiz pose de mau.
O negão tranquilamente me encarou de cima em baixo, deu um sorriso, e não se mostrou nada assustado estendeu o braço e abriu a mão, devolvendo o que os garotos haviam pegado.
_Balas?!

O grande encontro com a mesma companhia de sempre

Milhões de pessoas já haviam visto o filme. Seus amigos não paravam de comentar. Um dos maiores campeões de bilheteria, e ele não poderia perder. Ainda mais porque veria o filme acompanhado.
Escolheu uma camisa que havia ganhado a uns dois anos, meio larga, mas que adorava, e saiu para o cinema com aquele cabelo de sempre, que há muito tempo não via uma tesoura, ou nem mesmo um pente.
No cinema encontra por acaso muitas pessoas que conhece por sua cidade ser um “ovo”, como muitos falam. Encontrando uma ex-namorada que há muito tempo não via ela pergunta com quem ele veria o filme.

_Vou ver o filme acompanhado!
Ele respondia, e encontrava uma amiga simpaticíssima de quem gostava muito e ela perguntava se estava acompanhado.

_Não, mas verei o filme acompanhado!
Ele respondia animado.
Foi um dia de encontros inusitados, mas enfim não importava, ele veria finalmente o filme, aquela grandessíssima película que já havia esperado há muito tempo para ver. Uma obra cinematográfica, dessas que não se pode deixar de ver na grande tela e com um maravilhoso som. Sem comentar que veria o filme acompanhado. Ora, porque além de tudo era também um filme de se ver acompanhado!

No escurinho do cinema lá estava ele. Ouvindo sussurros, gargalhadas, comentários de sua companhia. Ao ver o filme parecia sentir as mesmas coisas que o mocinho. Chorava, pulava da cadeira, e se assustava.
Ficou muito satisfeito, e foi embora, feliz, por ter visto aquela grande produção. Deixando para traz a sua grande companhia.