Ebulição do repouso

Mente em ebulição, idéias que não param de eclodir ao aquecimento do longo dia. Dia agitado como o fogo instável que aqueceu a mente e queimou as energias. O corpo e a mente travam uma batalha. Os olhos pesam e o corpo acredita triunfar, mas o apagar das luzes abrem espaço para a mente trabalhar.

Nada que impeça de criar, bradar, gritar, lembrar, tornar imagem tudo que a chama do dia fez assar. O silêncio é mágico no momento, pois o trapézio do de Assis é usado no saltitar das idéias, e a expectativa pelo espetáculo saciar com os malabarismos esperados, na fila do banco, do ônibus, da padaria, do almoço.

Oh! Dia que traz anseio do parar, do pensar.

E no fim do dia arruído o que sobra é a mesma briga de ontem e a mesma de amanhã.

E no fim dessas linhas é deitar e esperar a água esfriar.

Conspiração das Folhas

Um objeto.

Uma distração.

A perda do objeto.

Um evento simples, mas que no momento que acontece e na velocidade que ocorre nos traz perguntas e dúvidas.

Um celular.

Um número.

Uma agenda telefônica.

No momento que acontece não há reflexão, só perguntas, mas logo que a cabeça esfria surgem respostas.

No momento que acontece nem a metafísica, nem o funcionalismo estrutural é capaz de entender o porquê, mas logo que a cabeça esfria, se pesa as conseqüências e se enxerga um mundo de conspirações.

No momento em que acontece meu espírito é céptico e ignora a máxima “ uma folha não cai por acaso”, mas assim que a cabeça esfria procura aprender com o ocorrido.

A perda.

A busca.

A descoberta de uma conspiração.

No momento que acontece aquilo só surge no meu caminho, mas quando a cabeça esfria, a busca do perdido revela uma conspiração e me traz da profundeza alguma explicação.